sábado, 27 de julho de 2013

Mess

Pode ser que eu queira tudo bem separado. Arroz em um canto, feijão no outro lado do prato.

Mas pode ser também que eu queira a confusão. Da tua boca com a minha, das nossas pernas, do meu gosto e do teu.
Sabe, é que eu acho que essa mistura da tua roupa com a minha pelo chão, da tua saliva na minha pele, traz uma certeza de que as coisas funcionam no meu santuário - que eu quis que fosse teu lugar sagrado também.
Quando as coisas se fundem desse jeito, os prazeres se misturam também. E daí sai uma sinfonia de sons, gemidos, gritos e pedidos, os meus seguidos dos teus e às vezes nós dois juntos. Porque teus sons são meu combustível, tua carne é minha também. E é nela que eu coloco a pressão que eu preciso, que a gente precisa pra levar essa valsa na horizontal adiante, até o fim e começo de nós dois.
O enlace das nossas pernas e vozes são a miscigenação de poesia e do instinto bruto e puro. Através dos nossos olhos fechados, vemos o tempo acelerando e parando pra que a gente possa buscar o ar que essa brincadeira sugou dos nossos pulmões.
A tua pele na minha tem a mesma temperatura, e ainda sim queima. Queima de desejo ardente e de urgência, queima-me só com os olhos, teus olhos de fome. E gasta, gasta-me os lábios. Gasta as vontades e as fantasias pra que juntos criemos novos paradigmas e novos rumos pras nossas mentes confusas.
Nessa briga por espaço e desejos, não sabemos mais quem caça e quem é caçado. Não que isso faça diferença, porque sucumbir nos braços e amassos do predador é o maior deleite da presa. Dar-se de presente ao vencedor, sem que pra isso o outro precise perder. E o prêmio são dois corações descompassados e gargantas - enfim - mudas.

E se ao final, eu sentir um cheiro novo no ar, é sinal que tudo deu certo. E que, provavelmente, vou querer mais confusões. Só não espere que eu deixe uma gaveta no armário só pras tuas coisas. Mistura junto com as minhas, a gente funciona melhor no caos ordenado do nosso ninho.


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