terça-feira, 22 de março de 2011

grave, presente, pleno.

Enquanto eu ouvia a água pingando dos meus dedos e dos meus cabelos, tentava desviar as lembranças da sua voz sussurrando no meu ouvido um "até logo" há meia hora atrás.
Antes de encontrar-me sozinha pensando sem meus botões, eu estive de novo em teus braços, como se lá fosse o lugar mais seguro do mundo.
Começou como um encontro surpresa, nem sabia que estarias ali. Mas quando fui te abraçar e minhas unhas te arranharam fazendo aquele barulho gostoso que nos dá arrepio, eu vi a fome
em teus olhos e soube naquele instante que nossos gemidos hoje a noite eram inevitáveis.
Meus passos ecoavam no corredor vazio do hotel. As conversas animadas de início de madrugada iam ficando para trás enquanto cantarolavas baixinho "...I know how to do it insane, girl. 'Cause I can make it hot, make it stop, make you wanna say my name, girl..."
Quando a chave girou na fechadura da porta do quarto, eu quase podia ver o desenrolar da cena.
A cena se desenrolava pelo quarto inteiro,
começando pela calma ao abrir o zíper da calça, afinal tínhamos a noite inteira pela frente. A tua urgência latejava e saltava para fora do tecido e pude guarda-la na minha boca, porque merecias, eu merecia, merecíamos pelos anos que passaram e pelo ardor que me tomava da ponta dos pés até o último fio de cabelo.
Só me dei conta do nosso desejo quando ouvi o som de algo rasgando e vi meu vestido ao chão em dois pedaços. Depois eu já estava nua embaixo do teu corpo rijo, minha pele arrastando pelo lençol enquanto o espaço que é teu era preenchido da forma mais plena. Ronronei baixinho feito uma gata manhosa que acaba de receber carinho do dono amado.
A força que depositávamos um no outro fez a cama ranger e fomos para o chão, rindo como se fosse nossa primeira vez. Deitada sobre uma coberta qualquer, entreguei-me e deixei os gritos e gemidos presos há tempo na minha garganta viessem a tona e sonorizassem todo o prazer que eu sentia.
Não sei quanto tempo se passou até tua respiração começar a ofegar junto com a minha. Antes que eu explodisse em teus braços, ouvi chamar meu nome, daquele jeito doce e sensual que só ouço da tua boca. Enlouqueci e amoleci, seguida pelo teu peso desabando em cima do meu corpo cansado. Adormeci com os dedos entrelaçados nos teus cabelos embaraçados. Quando dei por mim, já era de manhã.
Agora que a toalha faz cócegas pela minha pele ardente, sinto falta da tua voz grave. Até o copo que quebrei na saída do quarto já me faz falta.
Então eis que meu telefone toca e leio teu nome na tela. Sorrio satisfeita. Ao que me parece, lá vamos nós outra vez.