quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ciclo


"Eu não acredito que vou deixar ele vencer mais uma vez".

E lá estavam os dois a trocar carícias mais uma vez. Ela mais uma vez começou brincando, provocando, só para ver onde ia parar dessa vez. E parou como todas as outras vezes: um nos braços do outros. Não só braços, mas também boca, mãos, pernas, desejos, carne.

Não que não fosse desejo dela, muito pelo contrário. O único problema era a instabilidade com que ela a tratava -pelo menos pelo ponto de vista dela- ora o homem dos sonhos de qualquer uma, ora o melhor amigo cheio de ocupações, ora o prazer carnal insaciável que exalava por cada um dos poros, que vazava pelos olhos e dominava a voz. Mas quando ele entrava naquele jogo de provocações, ela esquecia completamente porque ele se tornava tudo: o homem, o melhor amigo, o prazer carnal, e carregava com ele todas as consequências de ser tanto em um só.

Aqueles olhos castanhos e sorriso tão convidativo eram simplesmente agradáveis e tentadores demais para que ela deixasse passar. E as mãos... mãos que conheciam todos os caminhos do corpo dela, todas as sensações, os pontos fracos, arrepios, curvas e formas. E os lábios, ao encostarem de leve na orelha dela... "como pode eu me sentir assim? Como ele consegue?"
Mas é tudo bom demais para que ela ignore tantas sensações assim. Não importa quantas vezes ela precise sucumbir para que tudo acabe do mesmo jeito. Com ele ficava tudo certo. Feito um ciclo, sempre assim, sempre bem, sempre juntos.

E ao sentir que as costas se arqueavam e ele suspirava de alívio e prazer, ela tinha toda a certeza que faria tudo igual, mil vezes, só para te-lo ali ao lado dela e ver a pele dele brilhar de suor e o peito subir e descer no arfar da respiração.