terça-feira, 25 de junho de 2013

Manifesto-me


Sem cartazes, sem tinta no rosto. Sem vergonha
Lutando pelo direito de levar alguém pra minha cama no primeiro encontro e ainda assim ser 'merecedora' de um pedido de namoro.
Pelo direito de te engolir porque eu quero, e não porque minha cabeça é empurrada, feito um boneco condicionado.
Por xingar, bater, morder, gemer no melhor estilo das tuas mais escondidas fantasias e, ainda assim, lábios e olhos doces (porque na tua cabeça santa e puta não podem coexistir no mesmo corpo)
Quero protestar com o corpo nu, coberto só de vontades que eu trouxe pra cama junto contigo.
Com palavras de ordem, e que o prazer seja a reivindicação dos protestantes do quarto. E se não houver palavras, que os meus gemidos te digam tudo.
E mais ainda: que aprendas, de uma vez por todas, que eu sou assim. Vou discutir sobre os problemas do mundo, sobre a fome, as guerras, a Tunísia, a lua, o Papa, e, ao chegar em casa, eu também vou gemer no teu ouvido e te pedir obscenidades, cravar as unhas nos teus braços e implorar que me deixes rouca.
Quero levantar a bandeira que a vida hoje é assim: homens e mulheres acontecendo a cada instante, intensos e transbordantes corpos carregando a vida e suas manifestações de vontades da raça humana, que não se anulam por carregar médico e monstro, súdito e rei, santa e puta.

Não preciso de cartazes para dizer como a vida roda hoje em dia. Preciso só que abram as mentes.
E que a batida de corpos seja feito uma multidão frenética, marchando descompassada rumo à liberdade. Feito nós dois.

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inspirado em: 
"E até lá, hei de libertar algum príncipe preso na torre de um castelo e convencê-lo de que um bom boquete não é sinal de mau caráter. De que uma saia três palmos acima do joelho não é chave de cadeia. De que uma mulher liberal também tem coração transbordante e uma voz apaixonada que pode lhe cantar ao pé do ouvido aquela canção do Clube da Esquina. De que fidelidade é absolutamente compatível com safadeza, sim, senhor. Enfim, de que eu posso estar nua, mas coberta de razão, assim como Leila Diniz quando afirmou: “eu posso dar para todo mundo, mas não dou pra qualquer um”. E se você é feliz por ser moralista, meu benzinho, hoje eu sou feliz por ser aquilo que vocês insistem em chamar de vadia."


(à tudo que aconteceu no país nas últimas semanas: ir a rua é lindo, é emocionante. Mas só tenha certeza que por dentro você acredita, que você está livre das amarras e consciente, senão nada adianta. São lutas que devem ser travadas de dentro pra fora) 

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