São 00h23 e o
estacionamento do teatro já está vazio. Por perto, alguns homens cheirando a
botequim barato e mulheres buscando renda. Saia curta, botas de cano longo,
batom vermelho nos lábios, esmalte descascando e uma pequena bolsa. Com olhar
de malícia, ela observava os carros passando. “Gostosa”. “Se te pego, te rasgo
inteira, delícia”. Ela sorri e espera pacientemente. Outras donzelas de calçada
entram em carros de todo tipo e somem na noite florianopolitana. Alguns carros param, perguntam o valor do
programa e ela rejeita. Ainda não é hora. Não esses homens. Não pra ela.
Um peugeot 308
dobra a esquina lentamente e ela sorri. Lá dentro está o parceiro de diversas
aventuras sexuais. Exploraram juntos praias, motéis, barracas, piscinas e
elevadores. Quando ela fez a proposta de ser puta por uma noite, ele encheu os
lábios com um beijo forte e disse ‘pago qualquer valor pra te ver rebolando’. O
carro para e baixa o vidro do motorista. “E aí, quanto?”. “O completo é 200”.
“E quem garante que essa boca é gostosa?”. Ela sorri, inclina-se para dentro do
carro, abre o zíper e o chupa ali mesmo, sem esperar que ele responda ou reaja.
Ainda escuta um ‘vagabunda’ soprado diante da surpresa. “Entra”. “Tem que pagar
agora”. “Entra, porra”. Ela passa pela frente do carro, arrastando a mão pelo
capô, e mergulha no banco do carona. Ele enfia quatro notas de cinquenta no
decote e sai noite adentro.
Antes que ele
pudesse contornar a centenária figueira da praça XV, ela se inclina e começa a
chupá-lo devagar. Ela sabe que precisa ir com calma enquanto ele estiver
dirigindo, principalmente porque, para incorporar a personagem, ele dispensou o
uso dos óculos.
Diferente das
chupadas das transas casuais, dessa vez ele não acaricia os cabelos. Enfia a
mão pela minúscula saia. A calcinha já esta completamente molhada e ele a
empurra para o lado sem demora. Encosta um dedo no clitóris e começa a
estimulá-la de volta. Ela geme e chupa aquele pau delicioso com mais vontade.
Ele, sem
avisar, resolve passar por um drive thru. Quer que todos vejam a submissão
daquela mulher, como a fome invadia os olhos e o calor dentro do carro não
deixava dúvidas da programação noturna. Ela se recompõe e, enquanto o atendente
anota o pedido, retoca o batom. Pegam a comida e partem para o motel.
Quando ele
estaciona, ela pede para recuar o banco e senta no colo dele. “Eu disse que era
completo. Começamos no carro”. Tira a camisa dele e faz uma trilha de beijos
molhados pelo pescoço, ombro e peito. Ele se reconforta entre os seios e aperta
a fina cintura com vontade. Ela já estava tão molhada e ele tão duro que foi
fácil cavalgar naquele pau dentro do carro. Os vidros embaçavam e o carro se
movia no ritmo que ela ditava. Por ora, ela era dominante.
Dentro do
quarto, ele a joga na cama sem cerimônia. Apesar de ali não ser exatamente a
sua parceira, aprendeu que aquela mulher é dura na queda. Pode bater, jogar de
um lado para o outro que ela não quebra. Ao contrário, ri e pede por mais. Ela
o puxa para a cama pelo cós da calça pendendo frouxa no quadril dele. Prende a
mão dela acima da cabeça com as próprias mãos e sai beijando aquele corpo que
ele já tinha decorado há meses. Ela gemia feito uma louca e debatia as pernas
de tesão. Ele morde a barriga e distribui beijos pela coxa e virilha. Arranca botas,
saia e calcinha em poucos segundos. Com os pés, ela empurra a calça e a cueca
para longe. Senta-se de frente pra ele e deixa que ele dê o ritmo da segunda
foda da noite. Ele agarra os cabelos e beija o pescoço com força. “Vagabunda,
piranha, cachorra, puta. Minha puta, eu paguei, é minha entendeu?”. Em resposta
ela só gemia.
Em seguida vem
o primeiro, segundo e terceiro orgasmo dela. O corpo entrava em estado de
êxtase e ela tremia, gritava, quase chorava agarrada aos braços dele. Ele metia
forte porque sabia que ela não tinha forças para continuar, mas o mataria se
ele parasse. E aí veio mais um orgasmo, fazendo-a desabar para o lado e
murmurar um ‘puta que pariu’ com o rosto enfiado no colchão. Ele a puxa para o
quadril, segura pela cintura e a fode de quatro: a posição favorita dele e que
ela, submissa, executa com louvor. Rebola e pede por mais. ‘Fode tudo, rasga
que é tudo teu’.
Aquela mulher
já o faria suar em pleno Ártico. Dentro daquele quarto, ela era oásis. Ele
podia – e fez – tudo que tinha vontade. Deleitou-se com os sabores da moça,
soube aproveita-la ao máximo e, quando ela estava perto de desabar, ele segurou
o rosto dela com firmeza e disse “agora eu quero esse cu, e eu vou gozar nele”.
Encaixou-se perfeitamente atrás dela e sussurrava ao pé do ouvido obscenidades
que faziam ela mexer o quadril cada vez mais forte. Uma mão ele estimulava
aquela buceta que ainda latejava, enquanto a outra mantinha o corpo dela bem
próximo. Ele geme, grave e contido, e aí ela sabe que ele vai gozar. Empurra o quadril
com mais força e diz “solta essa voz, gostoso. Quero te ouvir”. Ele deixa o
gozo e o gemido virem a tona, que provocam outro orgasmo nela, dessa vez muito
mais forte que os outros. Uma mistura de prazer, dor e uma sensação que aquilo
tudo não cabe dentro dela. Faz todo sentido o nome ‘petit mort’ dado pelos
franceses.
Ainda ficam
alguns segundos parados, deitados banhados em suor, saliva e gozos. Ela tem a
mão entrelaçada na dele e ele esconde o rosto pelos cabelos castanhos. É o
único momento em que as personagens puta e garanhão se desfazem e a
cumplicidade escapa pela brecha aberta pelo cansaço.
Ele a deixou
em casa perto do amanhecer. Despediram-se com um beijo breve e um tapa na
bunda. Quando ela chegou no apartamento e desabou na cama, o celular tocou. Na
tela, uma mensagem dele que dizia: “adorei nossa aventura. vc é a puta mais
deliciosa que já comi, mas acho q o dinheiro q te dei devias nos pagar um
sushi. Te encontro daqui algumas horas no café. GOS-TO-SA!”
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