Eu já sabia o que você estava planejando assim que senti o cheiro de velas. E confirmou todos os meus pensamentos quando beijou meu decote e veio subindo até meu pescoço. O cheiro da colonia pós barba inundou meus sentidos enquanto o whisky ainda presente na sua boca me queimava a pele muito mais do que as velas acesas pelo quarto.
Você cheirava a avelã, roupa limpa e velhas intenções. Comecei abrindo sua camisa devagar, enquanto seus beijos vorazes queriam me engolir, devorar, ver-me sucumbir em meio aos seus braços da cor do pecado e levemente definidos. E eu não consegui impedir você de abrir meus botões e desnudar meu ombro com a boca. Seus lábios me queimando mais uma vez. Eu sabia - e sorria satisfeita por causa disso - que você sentia o cheiro de pimenta rosa que eu sabia que tinha, que você sabia que eu tinha.
Se eu soubesse antes que derramar café na minha calça era só uma desculpa para poder tira-la, eu teria dispensado com muito gosto o café. Agora o cheiro forte do café fresco se misturava com todas as essências espalhadas pelo quarto: as velas, o cheiro de canela que sempre ficava no bolso da sua calça, alecrim... Nem a brisa com cheiro de terra molhada que entrava pela janela entreaberta conseguia esfriar você, sua boca, suas mãos, meus pensamentos...
Enquanto os lençóis bagunçados estavam se tornado inevitáveis, eu não conseguia largar você, não conseguia impedir você de acariciar cada centímetro quadrado da minha pele quente e ávida pelo seu calor, pelo seu toque forte, pelo seu falar doce que me entorpecia assim como todos os aromas daquele quarto. E ao ver minha blusa caída aos meus pés eu vi a mim mesma aconchegada tão perto de você, deliciando-me com a penumbra do quarto e minhas pálpebras oscilando em se manter abertas ou fechar de vez.
Minha voz, seu nome, meu nome, pele, calor, beijo, braços, pernas, sussuros, alívios, carinhos, gemidos, cansaço, mil aromas, lençóis, você, eu, nós
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